Título: Maus – A história de um sobrevivente
Autor: Art Spiegelman
Editora: Quadrinhos na Cia.
Gênero: Histórias em quadrinhos
Páginas: 296
Ano: 1980
Faixa de preço: R$28,00 - R$46,00
Avaliação: 5/5
Eis que finalmente apareci com a ~tão
esperada~ resenha de Maus! \o/ Novamente fiz uma votação no instagram,
deixando a cargo dos meus seguidores (seus lindos! <3) escolher o próximo
livro a ser resenhado aqui no blog. As três opções dessa vez foram: Eu
sou o mensageiro, de Markus Zusak (livro que eu estava lendo na
“época”); Declaração de amor, de Carlos Drummond de Andrade (um
amorzinho de livro, gent! <3); e – o grande campeão! \o/ - Maus,
de Art Spiegelman. Se você votou em um dos outros livros, acalme-se! Mais
resenhas virão e, muito provavelmente, você verá resenhas desses dois títulos
logo logo aqui também.
Mas como vocês já descobriram de cara
no título desse post (=P), Maus foi o escolhido da
vez, então vamos à resenha! Ah, antes só mais uma coisinha: peço desculpas
pela demora, a correria voltou a ficar intensa desde que as minhas aulas da
faculdade retornaram...
Preciso começar essa resenha dizendo
uma coisa: "QUE HQ"! Sério, se você assim como eu se interessa
bastante – ou simplesmente se interessa – por histórias que envolvam a temática
da Segunda Guerra Mundial, essa HQ é pra você! Eu já li alguns livros dentro
dessa temática, ficcionais ou não, e sempre gostei bastante. Confesso que antes
de Maus eu meio que não lia quadrinhos desde a Turma
da Mônica (shame on me! kkk) e fui apresentada à essa HQ pelo meu
namorado (quando ele nem ainda meu namorado era, haha). Num certo dia estávamos
de bobeira numa livraria e, ao olhar a área dos quadrinhos, ele fez um rápido
comentário a respeito da sua experiência (boa) de leitura de Maus, então
na minha cabeça de "a loka dos livros" eu juntei "crítica boa
+ temática da Segunda GM" e pensei: "Tenho que ler!". Nisso
ele me emprestou o livro, eu li – muito rapidamente, diga-se de passagem – e
simplesmente AMEI! <3 E pouquíssimo tempo depois começamos a namorar (o bom
gosto literário contou pontos para o namoro, hehe). Olha aí o livro Maus envolvido
na minha história de amor! Hahaha.
Parte narrada por Valdek Spiegelman |
Nesse quadrinho, Art Spiegelman, o
autor e também ilustrador, narra a história de vivência e sobrevivência de seu
pai, Vladek, nos campos de concentração nazistas. Então a obra acaba por se
caracterizar como uma biografia do pai de Spiegelman, apesar de o autor falar
em certa medida também de si.
A construção da história foi feita de forma muito
interessante, pois Art ilustrou e narrou todo o seu processo de criação (os
encontros com o seu pai, momentos de entrevista, suas angústias e frustrações,
expectativas quanto à obra etc) trazendo isso também como assunto, além do tema
central relativo à Segunda Guerra. Ao falar um pouco sobre como era a sua
relação com o pai, e até mesmo a relação de seu pai com outras pessoas, ele
constrói uma riqueza narrativa que colabora para trazer à tona características
de Vladek, tanto positivas quanto negativas. Características essas que são
essenciais para a construção de uma personagem forte e servem para mostrar como
a sua personalidade influenciou na questão da sobrevivência nos campos. Por
exemplo: Art deixa claro que o seu pai é um senhor muito teimoso. O que à
primeira vista pode ser considerado um defeito, serve para justificar um tanto
da sua persistência em viver e até mesmo ser um fator que influenciou no seu
forte poder de negociação (Vladek fazia trocas dentro dos campos, que foram
essenciais para a sua sobrevivência). Acontece nesse caso também o inverso: Art
descreve o seu pai como alguém muito "mão de vaca", que economiza
excessivamente, até mesmo em coisas desnecessárias e inúteis. Provavelmente
essa característica foi oriunda de sua necessidade de economizar comida dentro
dos campos de concentração.
Art narrando o processo de entrevista com o seu pai |
A história foi publicada em 1980 no primeiro volume
da revista Raw (uma antologia que foi editada pelo próprio
autor) e depois teve os seus seis primeiros capítulos publicados no Pantheon.
A obra foi aclamada pela crítica, na quarta capa do livro há elogios tecidos
por jornais como o The New York Times e o Washington
Post, por exemplo. Quanto à estrutura, Maus é dividido em
Partes I e II. A Parte I possui seis capítulos e a Parte II possui cinco e,
apesar do livro conter 296 páginas, a história te prende rapidamente e, se
bobear, você terá terminado tudo em pouquíssimo tempo!
Outra coisa interessante dessa HQ é o
fato de o autor ter escolhido representar as personagens em forma de animais,
acho que essa escolha ajudou a deixar as ilustrações menos brutais – ainda que
sejam chocantes em grande medida, mais até pela história em si do que pelos
desenhos. A representação é feita da seguinte maneira: os judeus, são os ratos;
os nazistas, os gatos; os poloneses, os porcos; e os estadounidenses,
cachorros. E por incrível que pareça o livro não se chama “Maus” por referir-se
à maldade (ainda que isso faça total sentido!), mas sim porque “Maus” significa
“rato” em alemão (semelhante a “mouse” do inglês).
Sobre o autor (texto da orelha):
“Art Spiegelman foi editor da revista
The New Yorker de 1993 a 2003 e é cofundador e editor de Raw, a famosa revista
de quadrinhos e artes gráficas de vanguarda. Seus desenhos e gravuras foram
exibidos em galerias e museus pelo mundo todo. Entre as honrarias que recebeu
por Maus estão o prêmio Pulitzer, uma bolsa Guggenheim e indicações para o
Prêmio do National Book Critics Circle. Spiegelman vive em Nova York.”